1. |
miguel
03:22
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faltas tu no quarto ao lado
tenho saudades de discutir
por aqui está tudo parado
vem para a cozinha vamos rir
parede ao meio vozes ao alto
no fim ninguém precisa ter razão
não é preciso público nem palco
só é precisa a canção
são 5 da manhã já devia estar a cansar
sem explicações nem silêncios nem coisas
pra não contar
são 5 da manhã e ainda há tanto pra falar
o tempo foge-nos p’la boca quando não é
pra se ficar
é de canções que é feito o caminho
quando mulheres não há para o fazer
é de homens que é feito o cantinho
quando as mulheres vêm para os escolher
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2. |
asas tardias
03:49
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da boca só me saem espinhos
olhar em volta é imparcial
motiva-me a língua que lambe o caminho
vestes ânsia na sala despes no quintal
tens montanhas ao peito
tens-me entre a terra e o chão
bom que é mal já está feito
mais barulho menos ilusão
não é por errar que se elege o herói
é por querer ganhar por saber quanto dói
cortar-me asas não me vai cortar as vasas
meter-me as algemas só me apraz
da pele só me saem gritos
olhar em volta é essencial
motiva-me a ira da sobra dos mitos
lavo crimes na sala trabalho no quintal
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3. |
três
03:26
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o que eu queria era voltar
a ser eu só em número impar
o que eu ando é a tentar
ser um só em número par
quero rever-te com as mãos
quero sentir-te ao perto
mais valia termos nascido irmãos
de incesto não passava é certo
a luz pelos vistos
já se apagou não já?
já deixaste ir ou não?
o tempo já não para cá
nem a tua voz me chama a atenção
o que eu queria era um lado em vez de dois para desajudar
sei que estar a teu lado é apenas ser não dá pra contar
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4. |
vazio
03:34
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o meu ser é efémero
o meu parecer é quase total
o nosso querer é eterno
o nosso querer é animal
sexo é fervor e meio diferencial
energia é calor e força irracional
pelas mãos te conheço mesmo de luz apagada
como conheço o mundo e afinal não conheço nada
anda vem
ser alguém
anda vem
quem faz de quem?
o meu chakra viril toca o teu em repetição
é subtil o toque e violenta a sensação
entre mim e ti ergue-se a barreira de ar e vazio
que cresce ou decresce conforme a força do calafrio
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5. |
póquer
03:25
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entrei sem juz
saí sem luz
e sem ver marcou atrás
de quem quer não ser capaz
cartas por lançar
póquer do pregar
não me falhas um verso
não me comes um terço
rói-te agora
já passou da hora
não fui eu quem te deixou
lá de fora
saíram três
passei a vez
para mim tanto me faz
se no rio me cortam o az
não fui eu quem nos deixou
cá de fora
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6. |
jogos de cintura
04:21
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sai-me do corpo não me atrases
não venhas atrapalhar
vira o copo somos capazes
deixa solidão pousar
passou pouco tempo pouca mulher
e muito pouca mão
não não não estás a limar o fraquejo
ancas não me param pra cortejo
só estás a carregar tudo à pressa
da cintura pra cima as mãos só me servem
de conversa
já avançaste
come sozinha experimenta
antes nunca que tarde
trazes sempre uma nova ementa
das costas das minha mãos não vês
só há vontade
não não não estou a limar o fraquejo
as ancas não te param pra cortejo
assim eu afogo tudo à pressa
da cintura pra cima as mãos só me servem
a conversa
era mais? não! era menos então
menos rimas com ão
mais carros no paredão
mais tronco menos vão
vidros fechados é condensação
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7. |
fraca canção
04:01
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estás maria a atrasar o meu tempo
pra crescer
eu podia se tentar sentir-te nua
e nua te ter
dói-me os olhos por dormir
deitado em farpas que jamais
me fazem resistir ao cansaço
de um dia pra mortais
chamo-te a ti por alguma razão
será que és mulher?
será que és menina?
será que quero o mar?
não vai ser por destino ou sina
vai ser magia vai ser errar
chamo-te a ti não sei bem porque razão
se não sei porque te chamo
sei porque fiz esta fraca canção
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8. |
coroar a culpa
04:13
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a fome já não me afecta
já a luz me dá de comer
solidão em linha recta
no cruzamento do tentar não sofrer
evitar cair evitar ser
escolher não ir
escolher não querer
evitar cair evitar conhecer
escolher não sair
escolher nunca chegar a vir
bem nunca me irás fazer
coroar a culpa não chega para o ser
bem nunca te irei fazer
calor na cama pra mim chega pra sobreviver
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9. |
mal para pior
01:37
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o progresso dos maus
é sempre de mal para pior
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10. |
cravos e credos
04:32
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os cravos nos dedos e a sede de corpo
já não os tenho
as molduras e os credos das velhas
eu não os estranho
se rezo com a língua batizo sem entrar
se não for pura
não a deixes sozinha
o copo está partido e o chão
é a cura
a esta hora é tarde pra sinais
as brasas são carvão não te culpo pelos finais
não me quero arrastar de volta
as cordas não me prendem e tu estás a solta
já está na hora de esclarecer sinais
as brasas já são cinza e as dúvidas cristais
não me quero arrastar pra fora
há algo que se entrega e se vai embora
da nudez para o vapor
é curto o atalho é forte o suor
da lucidez para o pavor
é comprido o retalho e é fraco o décor
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quartoquarto Lisbon, Portugal
mal fraca coroar
cravos a vazio
asas canção
miguel e três
jogos de póquer
antes depois
para pior cintura
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